Estranho, como venho apenas aqui para falar sobre lágrimas. Ou por outro lado, não tão estranho quanto isso. Não gosto que vejam o que se passa por baixo da máscara com o sorriso simpático que uso todos os dias. Não suporto que me vejam em plena fraqueza. Nestas alturas, começo por fingir que tudo está bem, que a vida é apenas um belo dia de trovoadas de Verão, em que ora chove, ora faz um sol tenebroso. Finjo que sou forte, e que fico indiferente ao que me acontece, estou lá para os outros. E estou. Sorrio, sorrio, sorrio. Ninguém tem culpa. Mas chega o dia em que não há força suficiente para sorrir. Ficamos calados, queremos apenas que nos deixem em paz, o dique frágil que retém os sentimentos está à beira do colapso, e ninguém me pode ver as lágrimas. Em público, as lágrimas deixam de lavar a alma, e tornam-se apenas um adereço de manipulação de sentimentos. Lágrimas de pessoas que não encontram força interior suficiente para se erguerem, e controlam os outros com o peso da culpa que as suas lágrimas provocam. Desprezo, por lágrimas falsas. Enfim... as verdadeiras lágrimas na sua essência vão esvaziando a alma da mágoa que já transborda. Lágrimas e palavras sinceras. Palavras que apenas posso dizer aqui, porque ninguém me conhece. E quem conhece, não se cruza comigo todos os dias, nem tem de sentir aquela obrigação de me confortar. Gosto disto. Aqui a minha dor é anónima, e não preciso de ser eu no fim a confortar os outros por não me poderem confortar. Aqui, posso ser egoista, e simplesmente deixar a mágoa sair. A mágoa de sonhos desfeitos, como castelo de areia que rui sob sol tórrido. Esperanças, ilusões, fantasias. Tudo o que não resistiu ao pousar abrupto dos pés no chão. Fico frente a frente ao meu futuro e tenho de encarar a realidade. A distância em relação a quem me compreende, e mesmo quando não compreende, simplesmente me abraça e aceita tal como sou, beijando-me a testa. Sou nova, não sei o que é amor? e que sabem vocês, curvados por anos de decepções e luta por algo melhor? Eu quero, e preciso errar. E mais do que isso, preciso de alguém que esteja lá para mim, não alguém que controle a minha vida por mim... Sim, choro porque abdiquei dos meus sonhos e da minha liberdade, em troca da aprovação de quem vive por procuração, através de mim. E agora, os únicos braços que me poderiam consolar estão a muitos quilometros, e assim vão ficar, por muitos anos. Choro, porque quando o dia me correr mal, não posso ir a correr para os braços de quem me vê as falhas e ainda assim me diz que sou perfeita. Quando o dia me correr mal, vou ter de voltar para casa, voltar a colocar a minha máscara do sorriso simpático, e esconder as lágrimas. E fingir. Fingir. Fingir.
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