Guardo na parede do quarto esse único postal de aniversário, de entre tantos.
"É o dia do teu aniversário, a preguiça e os sonhos são permitidos". Durante muito tempo, nos anos adolescentes, esse era um dia perfeito. Sonhos e preguiça. Sonhava acordada, milhares de sonhos voavam pela minha mente, atropelando-se e enrolando-se uns nos outros, horas deitada de barriga para cima a imaginar milhares de realidades alternativas, todo o tipo de acontecimentos e sentimentos ocorrendo, numa vasta teia. Eu-guerreira, eu-princesa, eu-pobre, eu-rica, eu-destruída, eu-resplandescente, eu-amada, eu-amante. A vida pela frente, sonhava e sorria, talvez ainda seguisse os passos de um dos meus eus-alternativos.
Hoje, e há muito tempo, deito-me com o cansaço a arrancar-me suspiros, e quando fecho os olhos, surge apenas um vazia negro, ou ecos de obrigações e afazeres a deambular pela mente. Acordo quase tão cansada, um grande borrão no sítio onde costumavam estar os sonhos. Sinto-me impotente e envelhecida, tolhida com o medo de sonhar. E é triste. Triste como um pássaro moribundo com as asas partidas, uma árvore queimada, ou um peixe fora de água.
Quero um dia ter coragem para voltar a sonhar, e ser grande o suficiente para não me quebrar quando ele cair por terra. Porque os sonhos são isso mesmo. Um pózinho mágico que rapidamente regressa a pó, apenas para retomar consistência sob forma de outro sonho.
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